O que é metástase cerebral?
É um tumor cerebral secundário que ocorre quando células cancerosas migram para o cérebro proveniente de um câncer em algum lugar do corpo. O tumor cerebral metastático é cerca de dez vezes mais comum que os tumores originários primariamente do cérebro.
Quais são os tumores de onde se originam a maioria das metástases cerebrais?
Os tumores mais comuns de origem das metástases cerebrais são o de pulmão, mama, colón, rim e melanoma. O tumor de pulmão é responsável por 30 a 60% das metástases cerebrais e 20 a 30% dos pacientes portadoras de câncer de mama podem evoluir com metástase cerebral caso a lesão primária seja tratada tardiamente ou negligenciada. Observe-se que metade dos pacientes com metástase cerebral tem mais de uma lesão cerebral.
Como ocorre a metástase cerebral?
A metástase cerebral se dá pela migração de células tumorais pelos vasos sanguíneos e linfáticos. Em geral ocorre na junção da substancia cinzenta com a branca, área rica em suprimento sanguíneo. Por causa deste fato, a maioria das metástases localizam-se na parte mais superficial dos hemisférios cerebrais, o que facilita a sua remoção, e cerca de 15% localizam-se no cerebelo.
As metástases sempre aparecem depois de identificado o tumor primário?
Nem sempre. Em um pequeno número de pacientes as metástases cerebrais aparecem e promovem sinais e sintomas antes do tumor original ser encontrado. Nestes casos a biópsia ou remoção da lesão identificam o tipo de tumor.
Quais são os sinais e sintomas de um tumor metastático cerebral?
• Dor de cabeça é o sintoma inicial em metade dos pacientes. Pacientes com um passado sem dor de cabeça devem manter-se alerta quando do surgimento destas dores.
• Vômitos podem acompanhar a dor de cabeça, mas é mais comum em crianças.
•Alterações no estado da consciência, indo desde modificações no relacionamento com as pessoas, perda da memória até o coma.
• Convulsões são sintomas frequentes e podem ocorrer em até 35% dos pacientes. Crise convulsiva em pessoas acima dos 30 anos deve ser investigada com bastante rigor, lançando mão não só de eletroencefalograma como apurado estudo de imagens.
• Déficits neurológicos focais os quais dependem da área em que está localizada a lesão podendo ocasionar hemiplegias, distúrbios de fala, desequilíbrio, incoordenação motora, dificuldade de marcha.
Quais são os métodos diagnósticos?
Além de uma apurada história clínica, o paciente é submetido a uma bateria de exames na qual a Ressonância Magnética (RM) é fundamental. A RM provê detalhadas imagens do tecido cerebral normal e anormal, indica a precisa localização do tumor, o número de lesões metastáticas, e se está localizada numa área eloquente tipo fala, visão ou motora. Com as imagens de ressonância magnética pode-se planejar todo o tratamento seja irradiação ou cirurgia.
A biópsia é raramente indicada, exceto naqueles casos onde a lesão original não foi detectada. Hoje com os métodos de cirurgia guiada por imagem e o uso de guia estereotáxica com abordagem tridimensional da lesão, podem ser feitas com extrema precisão e segurança.
Como tratar a metástase cerebral?
A cirurgia tem um importante papel no tratamento das metástases cerebrais. A cirurgia provê o caminho mais rápido e eficaz para aliviar os sintomas causados por aumento da pressão intracraniana, e ao retirar a massa proporciona aos pacientes à recuperação dos déficits neurológicos. O objetivo é remover a lesão metastática radicalmente.
Quando indicar a cirurgia?
Estará indicada quando o câncer primário é tratável e está sobre controle, quando a lesão for única ou mesmo em caso de múltiplas metástases, que elas estejam bem próximas.
Quais as vantagens da cirurgia?
Alivio quase imediato dos sintomas, melhora da qualidade de vida e aumento do tempo de sobrevida. Naqueles casos quando a lesão metastática é volumosa, sintomática causando intensa compressão cerebral e os efeitos tardios da radioterapia não auxiliam o paciente na resolução imediata dos sintomas.
Quando indicar a radioterapia e quais os tipos de tratamento?
A radioterapia é frequentemente realizada após a cirurgia para impedir crescimento do tumor perto do lugar operado ou em outros lugares. A principio existem dois tipos de irradiação: aquela aplicada a todo o cérebro chamada de radioterapia cerebral total e a outra forma chamada de fracionada. Outros pacientes utilizam um procedimento chamado de radioterapia estereotáxica, também chamada de radiocirurgia. Este método mais moderno provê à irradiação ultrafocal e com isto evita a irradiação secundária e seus efeitos deletérios. Já os tradicionais quimeoterápicos raramente tem indicação no tratamento das metástases cerebrais, pois não atravessam a barreira hematoencefálica. Hoje existe um novo tratamento chamado de targeted cells, isto é, drogas que tem afinidade pelo tumor, reconhecem as células tumorais e atuam diretamente no tumor. Pode ser feita depois da cirurgia ou em combinação com a radioterapia.
Tumor cerebelar metastático à esquerda e á direita imagem de ressonância pós-operatória com remoção total da lesão.