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Tumores cerebrais primários

São dos mais comuns tumores em humanos. São a segunda causa de lesões malignas em crianças e a sexta ou oitava forma mais comum de lesões malignas em adultos. Tumores primários cerebrais e da medula espinal representam menos que 2% de todas as lesões malignas e são responsáveis por 7% de perda de anos de vida em pessoas abaixo dos 70 anos. Em crianças estes números são mais dramáticos com tumores primários cerebrais representando 20% das lesões malignas antes dos 15 anos de idade.


O tumor primário mais comum são tumores originados das células gliais e são conhecidos como gliomas. Existem vários tipos de gliomas como os astrocitomas, ependimomas e oligodendogliomas.


Os astrocitomas são divididos em 4 grupos de acordo com a OMS ( Organização Mundial de Saúde). Astrocitomas grau I e II são em geral lesões de baixo grau de celularidade, sendo que os de grau I podem ser curáveis com cirurgia somente. Em geral são lesões que acometem adultos jovens e crianças. Os tumores grau III e IV são lesões de alto grau ,em geral malignas e acometem adultos, em geral acima de 40 anos. A incidência dos astrocitomas de alto grau é maior no sexo masculino.


Em geral os astrocitomas malignos ocorrem esporadicamente sem evidências de tendência familiar ou fatores de risco ambiental.


Os sintomas mais comuns dos tumores primários do sistema nervoso são cefaleia, desmaios e crise convulsiva. Eventualmente os gliomas de alto grau podem simular um acidente vascular cerebral.


Quando se pensa em tumor cerebral, os estudos de imagem são obrigatórios e entre eles a ressonância magnética é primordial. Este exame pode identificar qualquer lesão, algumas vezes diferenciar lesões malignas das benignas e identificar lesões inflamatórias como abscesso cerebral, ou mesmo metástases, isto é, lesões originárias de tumores situados fora do sistema nervoso central.


Tratamento

O tratamento consiste numa combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Tudo irá depender da natureza da lesão se benigna ou maligna, se a ressecção foi total, parcial, e da sensibilidade do tumor aos quimioterápicos.


Cirurgia

A função da cirurgia é obter material tumoral para diagnóstico, remover a massa tanto quanto possível, aliviar a pressão intracraniana aumentada, melhorar a função neurológica, potencializar os efeitos da radioterapia e da quimioterapia quando necessárias, aumentar a sobrevida e o período livre da doença. Nem sempre é possível a remoção radical do tumor. Isto depende das condições clinicas dos pacientes, e a localização do tumor. Algumas lesões situam-se em áreas dito eloquentes, como área da fala, área motora, área da visão, e isto é o principal empecilho para remoção radical do tumor. Em algumas situações, pacientes com tumores em áreas eloquentes, principalmente a área da fala, podem ser operados acordados, sob supervisão do anestesiologista. O princípio básico da cirurgia é não trazer danos ao paciente. Quando isto não puder ser feito, não proponha a cirurgia.


Radioterapia

A radioterapia na maioria das vezes é um tratamento complementar embora dependendo da localização da lesão e das condições clinicas do paciente, poderá ser a única forma de tratamento. Hoje, o método modernizou-se muito, com o desenvolvimento de aparelhos que atuam única e exclusivamente na lesão e em sua periferia, se necessário, sem irradiação secundária das estruturas adjacentes e com isto evitando complicações como distúrbios da cognição, isto é, danos a capacidade intelectiva, memória e desempenho dos pacientes.


Quimioterapia

O objetivo da quimioterapia é potencializar e aumentar os efeitos da radiação. Modernos quimioterápicos têm surgido, inclusive, de uso oral, sem os indesejáveis efeitos contralaterais de quimioterápicos tradicionais. Tumores como os astrocitomas de alto grau, oligodendogliomas e alguns tumores em crianças, são bastante sensíveis a este tratamento, porém, sua aplicação está diretamente relacionada à genética do tumor. Hoje não se faz apenas o diagnóstico histopatológico do tumor, mas sim a aplicação de testes de biologia molecular, que não só tem valor prognóstico como verificam a sensibilidade do tumor as drogas quimioterápicas.


Como é feita a cirurgia?

O procedimento cirúrgico chama-se craniotomia e o local da incisão depende da posição do tumor. Consiste na fresagem do osso, abertura da meninge e na ressecção da lesão. A cirurgia é feita sob visão microscópica. O neuronavegador por nos dar a exata localização da lesão permite que a cirurgia se torne menos invasiva, mais segura. Modernos instrumentais permitem uma abertura rápida e micro materiais a base de titânio permite o reposicionamento e a fixação do osso, não havendo nenhum defeito estético. Em geral não há necessidade de “raspar” o cabelo. Alguns pacientes com tumores em áreas como da fala são operados acordados. 



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