O Dr. Landeiro demonstra sua expertise cirúrgica ao operar mais de 500 tumores, resultando em uma notável diminuição de complicações após os procedimentos.
A glândula hipofisária é uma pequena estrutura situada na base do cérebro, numa estrutura óssea chamada sela turca. Ela está conectada ao cérebro por fibras nervosas. Esta área cerebral, chamada hipotálamo produz alguns hormônios, inclusive uns que controlam a secreção de alguns hormônios da hipófise. Esta região cerebral regula o sono, o apetite, a temperatura corporal, em suma é o principal centro de controle do sistema nervoso autônomo. A glândula hipofisária é dividida em 3 lobos: anterior, intermédio e posterior.
O lobo anterior produz o hormônio do crescimento, a prolactina que estimula a produção de leite em grávidas, o hormônio adrenocorticotrófico que estimula as glândula adrenais a produzirem cortisona, o hormônio tireoestimulante que estimula a glândula tireoide a produzir os hormônios tireoidianos e os hormônios folículo estimulantes e luteinizantes que atuam sobre as gônadas do aparelho sexual masculino e feminino. Em suma a hipófise, atua a distância exercendo um controle sobre todo o sistema endócrino.
O lobo intermédio produz o hormônio estimulante de melanócito que exerce efeito sobre a pigmentação da pele. O lobo posterior produz o hormônio antidiurético e o hormônio ocitocina responsável pela contração uterina na hora do parto e por estimular a produção de leite. Cada lobo da hipófise produz hormônios com uma função especifica e os problemas ocorrerão quando produzirem de menos, isto é, hipopituitarismo ou em excesso, hiperpituitarismo.
Na base do crânio a glândula está em contacto com o sistema óptico, com vários nervos cranianos que se dirigem a órbita e com o nervo trigêmeo que provê a sensibilidade da face. No caso dos tumores da glândula, muitas vezes, os sintomas iniciais além da dor de cabeça frontal são de alterações dos campos visuais e mesmo de diminuição da visão.
Tumores da hipófise são chamados de adenomas e representam em média 10 a 15% dos tumores intracranianos. É um crescimento anormal das células pituitárias. Na sua quase totalidade são de etiologia benigna. Os tumores podem ser secretantes e não-secretantes. Os tumores secretantes mais comuns são os prolactinomas cujo excesso de hormônio, a prolactina, causa infertilidade em ambos os sexos e osteoporose; os secretores do hormônio do crescimento que promovem a acromegalia , gigantismo e os produtores do hormônio estimulante do cortisol que causam a doença de Cushing, uma devastadora enfermidade que se caracteriza por adiposidade, diabetes , hipertensão arterial e osteoporose.
Os altos níveis de prolactina nos prolactinomas suprime a produção dos hormônios estimulantes da secreção de testosterona e de estrogênio. Homens com este tipo de tumor têm baixos níveis de testosterona, desenvolve perda da libido, disfunção erétil e tem baixa contagem de espermatozoides.
Já as mulheres frequentemente não ovulam, cessam o ciclo menstrual por causa dos baixos níveis de estrogênio, tem lactação não relacionada a gravidez e ambos os sexos desenvolvem osteoporose. A grande maioria dos prolactinomas são tratados clinicamente a base de medicação oral. Estes pacientes em geral são acompanhados por endocrinologista. Em minha casuística, raríssimas vezes operei um prolactinoma. Existem casos de intolerância as drogas, mas hoje existem várias opções de medicamento, o que diminuiu e muito a indicação da cirurgia.
A doença de Cushing caracteriza-se por obesidade, diabetes, hipertensão arterial, osteoporose e algumas vezes por aparecimento de erupções na pele. Os adenomas hipofisários causadores da doença de Cushing são em geral microadenomas, isto é, igual ou maior que 1 mm. O tratamento destes adenomas, em geral é cirúrgico, e eventualmente a radioterapia surje como segunda opção.
O excesso de secreção do hormônio do crescimento causam dois diferentes tipos de clínica. Se ocorrem em crianças e jovens em idade de crescimento poderá ocorrer gigantismo. No caso de adultos haverá um crescimento dos pés, mãos, mandíbula e de tecidos moles principalmente em extremidades. Os pacientes adultos desenvolvem um quadro clínico chamado de acromegalia. Frequentemente associa-se ao aumento da incidência de diabetes, diabetes, hipertensão, riscos de ataque cardíaco e certos tipos de câncer como o de colón. Ressalte-se que muitas vezes o crescimento facial não é percebido pelo paciente. A cirurgia é o procedimento de escolha, reservando-se o tratamento clinico medicamentoso e a radioterapia como tratamento adjuvante nos casos de remoção incompleta, recrescimento do tumor ou mesmo como primeira opção naqueles pacientes sem condições clínicas de submeterem-se a cirurgia.
Os adenomas não-secretantes apresentam sinais e sintomas de hipopituitarismo como apatia, fadiga, fraqueza muscular, perda da libido, disfunção erétil, depressão, insônia, dor de cabeça em geral frontal e distúrbios visuais que vão desde perda do campo visual a cegueira. Como não apresentam sinais de excesso hormonal, são diagnosticados tardiamente já com volumosa proporção. O tratamento de escolha destes adenomas é cirúrgico.
Como é feita cirurgia?
A cirurgia é uma forma de tratamento quase sempre segura quando feita por experientes e habilitados neurocirurgiões nesta área. Na sua quase totalidade é feita através do nariz, por uma narina, sob visão do endoscópio e com o auxilio do neuronavegador que identifica a relação do tumor com as estruturas cerebrovasculares envolvidas. O uso deste instrumental proporciona extremo grau de segurança a cirurgia. Tal procedimento data do inicio do século passado e ganhou grande aceitação com o advento do microscópio cirúrgico e hoje com o uso dos endoscópios. A alta hospitalar gira em torno de 3 dias. A complicação imediata mais frequente é o diabetis insipidus, na maioria das vezes transitória. Eventualmente grandes tumores requerem uma segunda cirurgia seja por via transnasal ou transcraniana.